Um post sem imagem. Criem uma mental, se forem, capazes
Cozinhado segunda-feira, dezembro 26, 2005 por o rapaz que tinha um BLOGue | E-mail this post
Pobre, rico. Bonito, feio. Alto, baixo. Bom, mau. Felicidade, tristeza. A lista não acaba. Por predefinição o nosso cérebro, devido à sua dualidade hemisférica, cria uma certa polaridade e, por isso, um valor nunca vem só. Há sempre um oposto (se não existissem duas faces da moeda, não éramos tão contraditórios).
O que o nosso cérebro não cria, criamos nós e os opostos continuam a persistir. Quando passeamos pela Cidade do Porto encontramos gente muito bem vestida, com boa aparência e um alto carro mas também encontramos pessoas a dormir em caixotes, com a barba por fazer e o corpo frio. Temos a gentileza de lhes proporcionar o contacto directo com a cidade (estou a ironizar, como é óbvio).
Criamos o que fazemos e criamos o que não fazemos. Criamos riqueza quando estendemos a mão, criamos pobreza quando a recolhemos no bolso. Reduzimos tudo então a uma realidade assim tão fria? Não há uma coisa sem haver outra. Se não houver ricos, os pobres não dão valor ao que têm. Se existisse riqueza, não se podia querer ser rico. Se fôssemos todos remediados, a monotonia era tanta que não havia vontade de viver, nem esperança de se ser algo que não existe.
Também se fazem coisas mal. Culpam-se "pessoas comuns" por crimes alheios a eles para que outros possam continuar a não fazer nada. Racismo, xenofobia. São bons ou maus? Têm de existir? É racismo descriminar a xenofobia? Eliminá-la só porque é diferente dos outros sentimentos?
Porque todos existem, existem enquanto existem e não só quando têm uma nota no bolso, quando vestem uma camisola da selecção, quando estão no restaurante, quando aparecem na tv, quando alguém os vê, quando têm família, quando podem andar, ver, ouvir, escrever, falar. Temos o direito de existir enquanto existimos. Temos o direito de ter os direitos que os outros têm. Temos culpa por sermos quem somos, mas temos mais por os outros serem o que fazemos deles. E porque a polaridade não desaparece, apenas pode mudar, devemos aconchegar o que tem frio, e, se for caso, não tem mal nenhum pôr-lhe uma nota no bolso, vestir-lhe uma camisola da selecção, levá-lo ao restaurante, levá-lo a passear...
Considero muito nobre da tua parte a preocupação e solidariedade que tens pelos outros.
Bem haja!
Nunca nos devemos arrepender de fazer o bem!
Beijinhos