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Ainda tenho guardado um rascunho de um post que tinha escrito sobre policias sinaleiros. Todas as sextas passava por uma estrada e de todas as vezes ele lá estava. Mas hoje não....

A vida é como uma autoestrada. Tanto sobe como desce. Passa por caminhos que dantes não existiam mas que com cálculo ou não foram-se construindo. Nela cruzamo-nos com outros viajantes. Uns rumam pelo mesmo caminho, outros contra ele. Nela há ultrapassagens. Gente que ultrapassamos e gente que nos ultrapassa. Gente com quem corremos por gozo, por ódio ou só porque queremos ganhar. Gente que tem calma e gente que tem pressa. Gente que pensa ser gente só por ter um bom carro. Gente que tem um bom carro e que não lhe sabe dar uso. Gente que tem um mau carro mas tira máximo partido dele. Gente que tem carro só para dizer que tem. Há viagens longas e viajens curtas. Viagens longas que parecem curtas e viajens curtas que parecem longas. Há quem esteja de olho a ver o que fazemos mas não por muito tempo. Há alturas em que perdemos a cabeça e ultrapassamos os limites. Há alturas em que somos julgados por isso. Também há acidentes. Raspões, acidentes leves, acidentes graves. Por vezes as pessoas resolvem tudo amigávelmente, vão tomar um copo e travam amizades. Por vezes não dá mesmo para resolver sem polícia. Parece é que, mesmo com amizades, ao fim de muitos copos cansa.

E agora? Quem me vai dizer que sou bonito? Quem me vai dizer qual a roupa que me fica bem? Quem me vai dizer para deixar o computador? Quem me vai dizer qual o filme que vamos ver? Quem me vai dizer qual a música que vamos ouvir? Quem me vai dizer, sorrindo, que o poema era lindo? Quem me vai dizer qual o sitio para ir? Quem me vai dizer que estive mal? Quem me vai dizer que saímos no jornal? Quem me vai dizer que não estou a dar a atenção? Quem me vai dizer que tenho razão? Quem me vai dizer que tenho de fazer a barba? Quem me vai dizer que não sabe o que me oferecer no aniversário? Quem me vai dizer que sou estúpido? Quem me vai dizer que fiz batota?

Não vou buscar as damas nem o xadrez pois era contigo que eu jogava. Há coisas que não se fazem quando estamos sozinhos.

Na pasta ficou o cd que nunca ouvimos


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